segunda-feira, 30 de maio de 2011

35º Ato - O Paraíso


Dorme anjo das asas partidas, em teus sonhos te encontrarei pra te carregar nos meus braços até o paraíso que construí pra nós dois. Todos os dias e todas as noites machuquei minhas mãos e podei as rosas, todos os dias e todas as noite sujei meu rosto com terra molhada ao preparar nosso gramado. E fiz calos e arranhões, reguei nosso jardim com o suor de meu esforço e preparei cada pé de chão pensando em um futuro bom. Sangrei as costas com o peso de cada pedaço do cantinho que fiz pra você repousar, sobre um céu estrelado e o vento mais terno lhe acariciar o rosto ao som da sinfonia divina de todos os pássaros que chamei assobiando. Preparei lá no fundo uma pequena lagoa de boas lembranças e a enchi com todas minhas lágrimas de saudade, alimentei cada peixe com migalhas de pão que fermentei com todo meu amor. Fiz chover todos os dias com minhas historias tristes sobre um mundo onde você não pertence a mim, e tudo conspira contra nós. Reguei e podei, tratei e aparei nosso jardim de flores sem espinhos pra você nunca se ferir.
No canto mais alto montei um balanço com vista pra as areias brancas de nossa praia decorada com todos os dias de lua cheia e tochas de fogo azul.
E fiz de você meu fruto proibido, e fiz do horizonte meu limite pra te amar, e acabei vendo sem querer que tudo o que há de bom em mim, é reflexo do que sinto por você.

Pedro Vitor

Um comentário:

  1. Sucinto, intenso e profundo. Amei *----* Seguindo seu blog. Parabens!

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