domingo, 27 de fevereiro de 2011

22º Ato - A Metade


A vida é tão sagrada, as verdades são tão raras, as situações são sempre tão claras. Sem mais, sem perceber, quando mesmo sem querer me mina em seu amplo campo de viver me deixa esperando calado quase sem vida e tão afastado.
Ela não percebe ela não vê, entrei num caminho sem retorno ou cruzamentos, não tenho saídas e não farei julgamentos de atos que não acontecem comigo, mas me envolvem por inteiro quase como uníssono por eu guardar em mim, uma parte de você. Então me diz o que fazer e até onde eu tenho que suportar, te ter pela metade me tira todo o sossego, me impede de sonhar.

Pevic. Pedrosa

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

21º Ato - O Desejo


Seu começo traz no beijo um singelo ato de carinho. O seu trato, puro tato, desperta a harmonia dos sentimentos presentes, já tão fortes e latentes, por dentre as frestas de meus dedos. E, migrando com os lábios, me embriagando com teu cheiro, antes fosse apenas fantasia, tudo passageiro, o que me percorre o corpo e me domina por inteiro.

Minhas mãos, não comandadas por mim, tomam sozinhas um destino que, por si, vão descobrindo no suor de nossas peles molhada as fendas e curvas tão queridas, tão sonhadas, nos meus sonhos mais lindos de amores sem fim. Quando descobri teu maior segredo, que teu corpo tão desejado outrora teria sido feito num molde perfeito que só minhas mãos podem se encaixar, me vi no dever de caminhar com vigor pela tênue linha entre prazer e dor e te dar meu corpo, teu corpo, todo o meu querer, num ato de vontade de ter você.

E na plenitude de nossos corpos nus, as mentes sãs perdem o nexo no novo ritmo do coração que, acelerado, perde a sinfonia com a respiração, ao achar com a boca o caminho para a perdição.

Tocando com a língua a flor de teu corpo e vendo desabrochar nas rubras maças de teu rosto, o prazer em forma de desejo te consumindo a flor da pele.

E por fim, investir meu corpo contra teu corpo, negando as leis da física, comprovando as leis da química, alcançando a celeste heresia de esquentar nossos corpos e arrepiar a parte mais sublime de nossas almas.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

20º Ato - O Buquê


Me come o juízo com leite e morango no café da manhã. Me tira do sério com suas fugas secretas, suas saídas discretas e seus sorrisos enfeitados com um batom qualquer que lhe faça os lábios brilhar.

Sem me deixar pistas, confunde meus sentidos, se sim ou se não, só quem sabe são seus sonhos que lhe falam entre pequenas aparições e poucos sinais de vida. Será que sou o garoto dos seus sonhos? Roubaram meu ouro, caí do cavalo e nem sou tão bonito... mas só pra você eu levantaria mesmo com as pernas quebradas.

Só pra você eu visto minha cama com o melhor lençol, seguro meu prazer e não te deixo ficar só, toco no violão uma ou outra balada, te escrevo poesias e te perdoou nas mancadas. Quem sabe um dia desses, eu te levo até um buquê com minhas mãos machucadas por tirar os espinhos com carinho e cuidado, para você não se machucar.

O que você quer eu já não sei, mas vou combinar com um anjinho lá de cima que te sussurre no ouvido todas as noites... um breve “te amo, te adoro, te venero” e no fim o meu nome quase que sem voz. E eu sei... um dia você vai acordar e vai dizer, dizer sem perceber, que sou o garoto dos seus sonhos, que fui feito só para você.

Pevic. Pedrosa

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

19º Ato - O Escritor


Carrego hoje comigo um coração cansado, um corpo machucado e uma alma sempre apaixonada. Sou devoto dos meus planos e fã de todos os meus poucos anos, das experiência vividas, uma ou outra sofrida, um sorriso no rosto e uma rosa em botão. Vivo sempre um dia após o outro, sentindo cada sentimento com toda intensidade, cada desejo, cada paixão. Carregando nas costas as minhas saudades, que cultivei amando sempre loucamente cada amor, de mentira ou de verdade.
Tenho nas mãos memórias de quem toquei, na ponta da língua todos os sabores que provei, no pé do ouvido todos os sussurros apaixonados, todos marcados de algum jeito sem que nem pra que. Apenas por ser poeta e não ter aprendido a amar, quero sempre um domingo acompanhado, um declaração e um carinho bem dado. Mas hoje eu estou cansado, hoje só te quero ao meu lado encaixada em meu peito, nenhum barulho nenhum defeito. Apenas o calor de um corpo presente que durma sem mas...
Hoje eu quero escrever até que me sangrem os dedos, até que eu expulse cada má lembrança, cada grito de desespero. Hoje carrego comigo um coração cansado, um corpo machucado e uma alma sempre apaixonada.

Pevic. Pedrosa

18º Ato - A Incerteza


Foi fácil... foi tão fácil. Eu olhei sem saber, sem nada do que esperar. E fui me envolvendo sem querer, procurando não me apegar. E com seus olhos que eu nunca sei o que querem dizer você me disse que queria, que queria meu prazer.
Eu olhei tantas vezes procurando te entender, te buscando nos olhos alheios, sentindo teu cheiro em todos os cantos sem perceber. Quantas vezes não acordei sorrindo? Quantas vezes não acordei pedindo o teu corpo quente para me aconchegar. Você foi partindo, você foi voltando, você foi presente, você foi você. Nesse teu jeito único de me querer sem me deixar entender, eu vou seguir as regras, não vou cortar as rédeas, vou de mansinho tão quietinho tentar ganhar você.
Na verdade eu não tenho pressa porque em algum lugar eu te toquei, talvez não tanto como eu gostaria, talvez não do jeito que me satisfaria, mas eu tenho fé e o que é do homem ninguém tira.
Eu tenho fé... eu tenho fé... eu tenho na mente uma lembrança sempre recente, um toque sempre quente e algumas palavras sussurradas no ouvido, que só eu e você podemos entender.

Pevic. Pedrosa