quarta-feira, 21 de julho de 2010

10º Ato - A Caça


Cuidado corações incertos, aqui mora um leão em pele de cordeiro. Alma boa e pensamentos não tão puros, carrego no peito um coração que já se despedaçou de tanto amar. Hoje blindado, possui até espinhos, use luvas de aço se quiser segurar.
Metade santo e metade pecador, minhas faces iludem sem intenção. Nem bom nem ruim, emano perigo eminente, pelo sim ou pelo não, tenha cuidado ao se aproximar. Como um lobo chefe de matilha, estudo minha caça antes de atacar.
Um passo após o outro eu vou dando, observando cada detalhe sem nem pestanejar, entre as indas e vindas de sua rotina "perfeita", vou me valer de seu primeiro vacilo, para através de passos marcados te conquistar.
Um coração cicatrizado, sempre procura proteção antes de se deixar levar.

Pevic. Pedrosa

domingo, 18 de julho de 2010

9º Ato - A Saudade


Bate na porta e entra sem pedir licença. Acaba com meus fôlegos sem nem pestanejar, silenciosa torturadora que me arranca dos olhos as lágrimas, que por sentir tanta falta não param mais de jorrar. Seu nome se esconde por trás da distância e abre em meu peito uma ferida sem fim, que não sara nem estanca, sangra indeterminadamente sem descanso, sem cessar.
Como um veneno me mata por dentro e deixa transparecer por fora, as marcas da tristeza que teimam em machucar. Sem pudores ou limites até me assustam meus pensamentos, que por sobrar tanta falta em meu coração, chega a transbordar. Pelos cantos se arrastando, vai minha saudade por uma viela sem fim. Ao fechar os olhos eu só ouço o som do silêncio, que me sussurra minha saudade alheia. E ao pé do ouvido vou levando, as palavras solitárias que você não me diz, mas eu não canso de escutar...

Pevic. Pedrosa

quarta-feira, 14 de julho de 2010

8º Ato - A Bailarina


Seus longos cabelos pretos que se espalham como a noite, exalam no ar seu aroma limpo que a qualquer um entorpece em encanto. Seus olhos, seus profundos olhos, que me sorriem como uma criança, enxergam as cicatrizes que marcaram minha alma. Sua boca me tira o fôlego, e me faz suspirar com pensamentos e desejos, de um dia poder tocar com toda ternura e carinho, aqueles lábios que por várias noites já me fizeram sonhar.
E as curvas de seu corpo que me enganam por pensar, que se tão nova não poderia, com tanta formosura se firmar. Entre linhas, curvas e declives despertam desejos em qualquer homem que possa ver, sem pudores ou limites põe fogo e alimenta o "querer".
Minha bailarina não tem nome e nem um rosto familiar, ela vivi em mim e eu vivo por ela, sem mais nada pedir em troca. Se já te dei meu coração, o que mais você gostaria de ter? Se meu corpo, toda minha carne, se meus pensamentos, toda minha alma, já tens de graça, que outro presente poderia te dar?
Minha bailarina não tem nome e nem um rosto familiar, ela vivi em mim eu vivo por ela, e todo o meu amor hei de lhe entregar. De mãos beijadas em uma bandeja de prata, oferecerei tudo que com meu esforço eu possa proporcionar.
Porque enquanto for um terço de mim, serei tão seu e serás tão minha, que nem que arranquem de meu peito o coração, pela minha bailarina ele nunca deixará de bater.

Pevic. Pedrosa

quarta-feira, 7 de julho de 2010

7º Ato - O Pierrot


Tão intima quanto os motivos que lhe fazem cair, descem do rosto liso as lágrimas pesadas de um pierrot. Não se sabe se por felicidade ou se por tristeza ele chora, mas sua maquiagem ainda teima em borrar.
Se por tristeza seu coração bateu lento, teimou em fazer seu desejo ruir, se iludindo e se envolvendo num amor impossível, perdido dentro de si. Pela bailarina se apaixonou, quem sem palavras é obrigado a ficar, mesmo amando e por dentro chorando, nenhuma sílaba é capaz de falar. Encontrou nos seus traços delicados um maneira de viver, agindo em atos de um alguém apaixonado, tentou demonstrar tudo que queria dizer. Mas é possível um pierrot ter um romance com uma bailarina? Será que no circo tudo é apenas um faz de conta?
Se por felicidade seu coração foi a mil, bateu tão forte, tão seguro, de um jeito que ninguém jamais viu. E entre seus atos de amor, encontrou na plateia quem lhe fizesse sorrir, apenas aproveitando do momento, deixando tudo fluir. De cabelos lisos pretos como a noite, pele delicada e sorriso meigo como o ultimo raiar do sol, ilumina os olhos do grande pierrot, que se contorce como um magnífico girasol. O que teria feito aquela doce menina, para ganhar o pierrot?
Talvez por ser tão frágil, tão feminina, encheu os olhos que sorriam daquele gentil ator...

"Amar é como ter o coração nas mãos de quem dorme. Quando sonhando te esquenta e dá carinho. Quando em pesadelo, mesmo sem perceber, as mãos se fecham e se contorcem a procura de uma saída."

Pevic. Pedrosa