segunda-feira, 30 de maio de 2011

35º Ato - O Paraíso


Dorme anjo das asas partidas, em teus sonhos te encontrarei pra te carregar nos meus braços até o paraíso que construí pra nós dois. Todos os dias e todas as noites machuquei minhas mãos e podei as rosas, todos os dias e todas as noite sujei meu rosto com terra molhada ao preparar nosso gramado. E fiz calos e arranhões, reguei nosso jardim com o suor de meu esforço e preparei cada pé de chão pensando em um futuro bom. Sangrei as costas com o peso de cada pedaço do cantinho que fiz pra você repousar, sobre um céu estrelado e o vento mais terno lhe acariciar o rosto ao som da sinfonia divina de todos os pássaros que chamei assobiando. Preparei lá no fundo uma pequena lagoa de boas lembranças e a enchi com todas minhas lágrimas de saudade, alimentei cada peixe com migalhas de pão que fermentei com todo meu amor. Fiz chover todos os dias com minhas historias tristes sobre um mundo onde você não pertence a mim, e tudo conspira contra nós. Reguei e podei, tratei e aparei nosso jardim de flores sem espinhos pra você nunca se ferir.
No canto mais alto montei um balanço com vista pra as areias brancas de nossa praia decorada com todos os dias de lua cheia e tochas de fogo azul.
E fiz de você meu fruto proibido, e fiz do horizonte meu limite pra te amar, e acabei vendo sem querer que tudo o que há de bom em mim, é reflexo do que sinto por você.

Pedro Vitor

sexta-feira, 27 de maio de 2011

34º Ato - O Sonho


É puro tato o simples fato de saber que nas vinte e quatro horas que têm o dia, durante trinta e seis eu penso em ser. Algo mais que um nome e alimentar minha fome de vôos altos e rasantes cada vez mais baixos, dentro dos limites dos meus sonhos onde pra ser ou ter qualquer coisa, basta fechar os olhos e crer.
E pra se convencer de cada ínfimo detalhe: pare, pense, seja, flua. Deixe escorrer pelos dedos a sensação crua, aquele frio na barriga lhe tomar por inteiro e não se doe em partes ou seja apenas meio, porque quem quer asas pra voar sempre precisará de um par. Quando você perceber que seu tudo não servirá de nada e nossas mentes cheias desse "nada" alcançam de tudo, perceberá que os sonhos estão mais próximos e os obstáculos não são tão grandes. E você atravessará rios e brincará de gangorra em cima de montes, e não há caminho certo ou errado, escolha lógica ou sem razão, você fluirá pleno e ligeiro como água por entre frestas e no meio destas serás soberano manobrando com as artimanhas do coração.
Acredite sempre piamente na capacidade de seus sonhos pois a única coisa que os separa da realidade, é sua capacidade de levantar da cama sem limites pra te obrigar a parar.

Pevic. Pedrosa

segunda-feira, 16 de maio de 2011

33º Ato - A Confusão


Na alma me toca e em meu peito transborda, doce perfume fugaz que se esvai pouco a pouco na lenta batida de meu relógio de pulso que conta as horas apulso, por não querer te ver partir. E logo logo seu manto de mistério e encanto frenético, me acelera o ritmo atordoado pelos beijos lentos que tu tens me dado em noites chuvosas de gotas geladas. E por mais que me percorram o corpo todo, o insano, o louco que me toma todo quando eu e você somos um, me faz pensar com o corpo cansado já de tanto carregar o fardo de te querer, de tanto sonhar, de fechar meus olhos já quase úmidos e negar a razão, meu prato principal que me da forças e me sustenta. E teus cabelos que me embriagam com seu cheiro é a solução, quanto mais te desejo mais te quero e mais me afasto, mais me nego a te deixar porém me ponho sempre a disposição.
Minha princesa nem sabe que também sou príncipe e nem sei mais o que é certo. O que é digno da verdade ou o que só posso omitir e esconder junto as mentiras. Minha cabeça já foi um mundo seguro para se confiar. Já foi, um dia será... nas confusas horas que se estendem meus dias, não mais claros que o fundo do mar.

Pevic. Pedrosa

domingo, 15 de maio de 2011

32º - A Confissão


Não estranhe se por vez ou outra eu deixar meu romantismo atrás da porta, não é porque mudei ou porque não te quero bem, é sim porque nem tudo que é bom o tempo todo faz bem. Os pequenos detalhes fazem a diferença, um jeito carinhoso de chamar ou um toque especial que só aquele alguém sabe dar, uma rosa em botão colada na porta ou até mesmo um pequeno ato livre de expectativas, apenas feito de bom grado pra quem sabe um sorriso e bons momentos lhe proporcionar.
E talvez eu passe um dia só falando besteiras, só arranjando desculpas pra não sair do teu lado, talvez eu passe um dia só relembrando velhas memórias, falando das cicatrizes, antigos amores ou escolhas certas e erradas do passado. O que "é" hoje pode não ser amanhã, mas o que foi ontem nunca mudará, então olhe pro dia que passou e veja quantas coisas boas eu procurei te fazer passar. Das minhas promessas eu prometo tomar conta e cuidar que cada palavra valha a pena ser lembrada. Das minhas falhas eu cuidarei mais ainda e farei de cada passo no chão uma batida nova e plena em meu coração para não mais errar.
O bem que você me faz é tão raro e me custa tão caro só em pensar em te deixar. O mal que você me faz quando está perto é tão perverso, mas prefiro mil vezes o seu mal por perto do que distante dos meus olhos, onde eu não poderei te ajudar.
Minhas palavras serão sempre claras e de mim não será surpresa saber o que sinto, porque por você já vi que não minto e não adianta eu me negar ou disfarçar. Em meus olhos sempre estará estampado quando você me olhar.
Hoje em dia só tenho duas ou três certezas na vida e uma delas é você, que sem nexo entrou sem avisar, me cicatrizou algumas e abriu novas feridas, que lavadas por minhas lágrimas serão sempre regadas de um sentimento que não sei o nome, mas teima ao não me deixar.
Você não é a dona de minha felicidade e com ou sem, ficarei bem. Mas contigo eu não minto, serei pleno e radiante, farei de grãos de areia os mais lindos diamantes pra te coroar a cabeça e te iluminar os passos, e calmamente sanarei tuas dores, te farei esquecer de antigos amores, e enquanto dure nossas tentativas incertas de procurar juntos os passos mais lindos nos compassos marcados dessa dança insana que não sabemos o nome. Cantarei a letra quando faltar a canção, tocarei os instrumentos quando faltar a melodia, estalarei os dedos quando não ouvires o ritmo, e te carregarei nos braços quando teus pés não aguentarem mais tocar o chão.

Pedro Vitor